Editorial

O valor da imprensa

Desde ontem, Pelotas está menos bem informada. Deixou de circular, após 43 anos, o jornal Diário da Manhã, de propriedade do jornalista Hélio Freitag. Para o leitor mais habituado a um modelo de imprensa e disputa por audiência em que as empresas evitam sequer citar a existência umas das outras, talvez cause estranheza que, nas páginas do Diário Popular, se faça este registro e, mais do que isso, lamente o fim de um concorrente. No entanto, não há como – e nem motivo para tal – deixar de fazer essa referência. E uma reverência, já que a comunicação social plural, com múltiplas fontes e olhares, é pilar básico da democracia e um motor rumo a avanços da sociedade. E, neste sentido, o DM sempre trilhou seu caminho lastreado no compromisso com Pelotas e região, tal qual o DP. Concorrentes, com distintas histórias e características, mas sempre com foco em garantir a melhor cobertura jornalística possível sobre os temas pertinentes aos cidadãos que, não raro, mantinham o hábito da leitura de ambos os Diários locais.

O fim de um veículo profissional, compromissado com a verdade e a construção de consciência crítica, é sempre uma lástima. Seja ele qual for. Jornal, revista, rádio, televisão, portal na internet. Diferente do que possa parecer, uma interrupção como a do DM significa mais do que questão empresarial: é uma perda da coletividade. Sobretudo em momento atual, quando o Jornalismo se mostra tão essencial às comunidades, alvejadas incessantemente por notícias falsas e que buscam confundir a população.

E é fundamentalmente por conta dessa função, de oferecer ao público o que ele quer e precisa saber, que a imprensa tem papel intransferível. Relevância provada nos momentos mais decisivos para Pelotas, Zona Sul, Estado e País, quando foram os veículos de comunicação locais que garantiram informações claras e manchetes que repercutiram, tirando o Poder Público da zona de conforto. Já imaginaram uma pandemia sem a divulgação constante do cenário e medidas de prevenção? Ou uma eleição, sobretudo municipal, sem repórteres perto dos candidatos, mostrando o que pensam e propõem à população? Isso e muito mais é o que só a imprensa profissional, próxima das pessoas, pode oferecer.

Um jornal sem circular é infelicidade para todos e só reforça o quanto a imprensa local tem peso no dia a dia de uma cidade ou região. Para moradores, empresários, Poder Público. Por isso, por história tão rica e valorosa quando a do Diário da Manhã, aos seus idealizadores e profissionais, a solidariedade e respeito do DP. Um concorrente que se esforça diariamente, investindo e se modernizando, para corresponder às expectativas dos leitores e de toda a sociedade de Pelotas e sul do RS. E que sente-se honrado – e com responsabilidade dobrada – por atender ao público quem também lia e confiava no DM, veículo cuja ausência já é profundamente sentida.​

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